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Uma história que se repete para muita gente: inicia-se o mês de julho e ao se dar conta de que estamos mais próximos do fim que do começo do ano, bate o desespero.
Todas aquelas resoluções de ano novo, definidas com tanto esmero, ficaram abandonadas lá antes de chegado o Carnaval. Então uma nova promessa: “na metade que resta, corro atrás do prejuízo”. Agora estamos em agosto, e a chance de os projetos terem continuado encostados é bem alta.
A procrastinação é um fenômeno que acontece com todos nós, em maior ou menor grau, e ocorre por uma série de fatores que podem ser simples como uma dificuldade de gerenciamento de tempo e excesso de atividades ou mais complexos como perfis psicológicos excessivamente autocríticos e perfeccionistas ou mesmo alguns transtornos mentais. O autoconhecimento é o melhor caminho para que se destrinche individualmente o que causa a procrastinação e se defina a melhor estratégia para lidar com ela. Porém, existem medidas bem simples que podem ser colocadas em prática para tentar reduzir um pouco a sensação de “mais um ano se passou e eu nem vi!”
1. Tenha metas possíveis – nosso cérebro é econômico: quanto mais ousadas as metas, mais amedrontado ele fica, tornando-se mais propenso a ativar mecanismos de evitação. E a frustração é proporcional à expectativa. É muito mais fácil começar a ler cinco páginas por dia do que decidir ler 30 livros num ano, por exemplo.
2. Faça planos compatíveis com seus valores – A nossa motivação responde diretamente ao sentido que um objetivo faz para nós. Então é importante olhar para os próprios desejos e propósitos de vida e ter bastante honestidade consigo ao invés de se sentir obrigado a fazer “o que todo mundo tem que fazer” (sabe o combo “alimentação saudável + atividade física”?… é por aí!)
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3. Preste atenção ao que está fazendo – a desconexão com o que está acontecendo aqui e agora contribui muito para a sensação de perda de comando sobre a própria vida. Ao ficar preocupado com o que tem que fazer amanhã, você não faz direito o que precisa ser feito hoje, não desfruta do processo, não curte o resultado e acumula mais pendências (e novamente, as frustrações vem com tudo)
4. Descanse – existir consome muita energia. Nosso corpo e nossa mente necessitam de uma recuperação do ritmo corrido do dia-a-dia. Uma rotina de sono desorganizada ou que deixe sempre umas horas de descanso em débito contribui muito para a dificuldade de concentração, lentidão do raciocínio e aquela preguicinha de começar a fazer qualquer coisa
5. Peça ajuda – se é mais frequente se sentir sobrecarregado do que tranquilo, se a sensação de perda de controle é recorrente e se você se sente completamente perdido na sua vida, talvez seja interessante buscar ajuda, seja de pessoas com quem você pode dividir as tarefas e pedir dicas ou de um profissional de saúde mental. Ninguém precisa carregar o mundo nas costas, independente do momento do ano em que a gente se encontre
Texto de Marcela Vianna psiquiatra do grupo @saudehonesta