Novas configurações pessoais, climáticas, sustentáveis e digitais marcaram um período de renovação geral. Confira o nosso tour a seguir
Tudo começou no shooting da capa da nossa primeira edição digital com Alice Wegmann, quando a própria atriz falou sobre a “revolução de 2019” – as grandes mudanças na forma como as mulheres estão lidando com a autoestima. Achamos que fazia tanto sentido que resolvemos usar o tema e pensar sobre o que mais se transformou este ano. E foi coisa, hein? A seguir, faremos um tour por onde passou a tal revolução de 2019. Vem com a gente?
Ashley Graham, uma das musas do movimento body positive Instagram/Reprodução Instagram/Reprodução
AMOR-PRÓPRIO, O PRIMEIRO AMOR
Nunca se falou tanto sobre autocuidado como em 2019. Tanto que o próprio Google apontou uma curva crescente nas buscas pelo termo em sua plataforma ao longo do ano. O movimento de olhar, entender e cuidar de si é a consequência de uma onda de feminismo que se espalhou pelas redes sociais. E o resultado é mesmo uma legião de mulheres que embarcaram em libertadoras (e nada fáceis) jornadas de aceitação e autoestima.
“É um processo de cura muito sensível, com altos e baixos. Vivemos hoje em um mundo com muitos filtros. Precisamos nos conectar com nossa essência e ser mais gentis com a gente”, conta a comunicadora carioca Lara D’Avila, criadora do perfil do insta @comoaprendiameamar. “Depois de me aprofundar no assunto e ler ‘O Mito da Beleza’, de Naomi Wolf, percebi quanto tempo gastava com essa falta de aceitação. Hoje, aprendi a me amar com minhas imperfeições e adoro cuidar da minha saúde”, diz.
Graças às redes sociais, inclusive, o movimento tem se espalhado cada vez mais, e celebridades que influenciam milhões de pessoas nas redes sociais têm se posicionado e colocado o assunto sempre na roda. Tipo Bruna Marquezine, Preta Gil, Anitta e a própria Alice Wegmann, que puxou o bonde da conversa aqui no GE no último mês (obrigada por isso, Alice!).
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O DESEJO DO OFF
Para a nossa supercolunista Gabriela Prioli, esse foi um período marcado pelo impacto da tecnologia em nossas vidas. E não é só em relação às facilidades que os aplicativos trouxeram, mas também sobre as consequências deles para quem tem o costume de estar sempre conectado. “Nós somos o País com os maiores índices de ansiedade e depressão da América Latina, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)”, conta Gabi. E olha só: ocupamos a segunda posição no ranking de países que mais usam o Instagram. “Temos milhares de pessoas se comparando com fotos nas redes sociais – que na maioria das vezes nem são reais”, completa.
Nesse contexto, tivemos um 2019 em que o sinal vermelho dos efeitos do excesso de redes sociais piscou de verdade. E precisamos falar da importância de se reservar e aproveitar os momentos offline. Nossa Camila Coutinho, que tem uma vida superconectada, conta que é essencial ficar longe do celular para voltar a prestar atenção em si mesma.
Uma das tradicionais filas em lojas da Apple Getty Images
“Começamos a perceber recentemente a consequência de estar sempre ligada na vida do outro (nas redes sociais) e desligada da nossa. Claro que não dá para ser extremista. Nossa realidade hoje é muito online. Porém, somos seres humanos com controle e inteligência para ter domínio em relação a isso. É importante identificar quando o uso está passando do limite e criar momentos off ao longo do dia. Ter consciência é o primeiro passo.”
A Amazônia e o alarmante aumento de queimadas Getty Images
ALERTA SUSTENTÁVEL
Não faz muito tempo que sustentabilidade era um tema de nicho, muitas vezes taxado de “papo de hippie”. O tempo passou e, rapidamente, falar em meio ambiente virou prioridade. Importante e necessário, porque 2019 encerra uma década de calor global excepcional, perda de gelo e recorde no aumento do nível do mar (!!!), impulsionados pelos gases do efeito estufa que foram lançados através de atividades humanas, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM).
A ativista Greta Thunberg, de 16 anos, chamou a atenção em congressos de sustentabilidade em 2019 Getty Images
Fazendo um recorte nacional, a história também se complica. O desmatamento na Amazônia cresceu 30% entre agosto de 2018 e julho de 2019 – os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Fernanda Simon, diretora executiva do Fashion Revolution, movimento que luta por um mercado de moda mais sustentável, conta que este foi um ano em que ficou comprovado que tratar de sustentabilidade é um caminho sem volta. “Avançamos bastante com o lançamento da segunda edição do Índice de Transparência da Moda Brasil, projeto que analisa 30 das maiores marcas nacionais de acordo com a disponibilização de dados públicos em seus canais. Uma ferramenta para auxiliar quem deseja ter informações de qualidade sobre o assunto”, conta – e já deixa a dica para quem quiser se aprofundar no assunto.
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MÍSTICAS DIGITAIS
Se tem uma terra que foi fértil para os influenciadores em 2019 foi a do misticismo. Perfis de bruxas modernas, astrologia e conteúdos exotéricos ganharam todos os holofotes em um ano de muita instabilidade geral. A plataforma Peoplestrology, que usa a astrologia para fazer pesquisas comportamentais, divulgou um estudo que aponta a busca por respostas como motivo para o boom do tema nos últimos anos.
“As novas gerações vivem uma crise generalizada de confiança: uma sensação de que governo, mídia e grandes instituições não estão falando a verdade. A incerteza e instabilidade sobre o futuro e a urgência para acalmar a ansiedade pode ser comum a todos, mas entre os mais jovens, essa angústia é crítica. A necessidade de pausa e reflexão é urgente, nem que isso aconteça online com a sua youtuber astróloga favorita”, explica o report.
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Neste contexto, dá pra entender o motivo do tarô virtual voltar à tona em pleno 2019 (não lembra coisa dos primórdios da internet, nos anos 2000?). E a história não para por aí: é reiki, wicca, ayahuasca, sagrado feminino e outras muitas filosofias que têm uma visão menos racional das coisas estão bombando.
Independente de misticismo ou crença, é fato que em 2019 a gente quis mais. Mais sororidade, mais empatia, mais acolhimento, mais relaxamento, mais descanso, mais autoconhecimento, mais paz. Este foi um ano de transformação, em que um espírito de movimento tomou conta de muita gente e o conformismo não teve espaço. A gente aqui no GE mudou de cara, equipe, posicionamento e encerramos o período com muitas novidades – e um longo caminho para percorrer. Vem 2020, que queremos continuar esse papo!