Moda

Ainda faltam mulheres como diretoras criativas de grandes marcas de moda?

4 minutos de leitura

O mundo da moda passou por uma verdadeira dança das cadeiras. Quem imaginava Demna (ex-Balenciaga) na Gucci? E Pierpaolo Piccioli (ex-Valentino) na Balenciaga? As escolhas podem ter, de certa forma, surpreendido quem acompanha as grandes casas de luxo, mas outro ponto chamou a atenção: a falta de mulheres no meio de todo esse troca-troca.

De todos os nomes anunciados, Louise Trotter é uma das únicas mulheres em uma casa de luxo de grande nome: a Bottega Veneta. Além dela, também temos Sarah Burton como diretora criativa da Givenchy, Meryll Rogge comandando a Marni, e Veronica Leoni na Calvin Klein.

Todos os outros nomes, são homens… e brancos. Alguns exemplos, além do que já citamos, são Dário Vitale na Versace, Jonathan Anderson na Dior e Matthieu Blazy na Chanel. A verdade é que não é novidade que homens brancos dominem também a moda, mesmo que esse meio pareça muito feminino.

“Se voltarmos no tempo para quando as marcas de luxo começaram a surgir, vamos perceber que a grande maioria foi fundada por homens. As mulheres, por vezes, atuavam como apoio. Por isso, quando uma dança das cadeiras acontece, o posto é passado de um homem para o outro. Na faculdade de moda, o que vemos é uma série de mulheres talentosíssimas, mas que não conseguem espaço”, diz Bia Nardini, fashion designer e comunicadora, em entrevista ao GE.

A estreia de Louise Trotter na Bottega

A estreia de Trotter na Bottega, que aconteceu no dia 27 de setembro, recebeu uma série de elogios. Ela trouxe à passarela peças com muita textura e franjas que traziam um movimento fluido. 

Um vídeo, que viralizou, dizia: “Não preciso de um homem. Preciso da primeira coleção de Louise Trotter para a Bottega Veneta”. E os comentários concordavam com essa afirmação. Uma estreia de tirar o fôlego.

Lidar com moda não é fácil

Se você acha que, para as mulheres, é simples lidar com o meio da moda, você está enganada. Assim como em qualquer área, é difícil que elas cheguem em postos de liderança e, mais do que isso, conseguirem se impor quando estão no topo.

“Os homens sempre vão contratar seus semelhantes, isso já escancara o quão difícil é para as mulheres entrarem nesse mercado. Como quase tudo está nas mãos deles, entramos em um ciclo”, continua Nardini. 

Aqui, vamos citar outro exemplo. Bernard Arnault, dono do grupo LVMH, hoje com 76 anos, pode liderar a empresa até os 85 anos, quando ela passará para um de seus cinco filhos. Muito se fala, atualmente, sobre Delphine Arnaul, a filha mais velha, que é CEO da Dior e membro do conselho executivo da LVMH. Mesmo que ela pareça a mais preparada para o cargo, é provável que ela não seja nem cotada.

De acordo com O Globo, o conselho da LVMH votou para adicionar Alexandre e Frédéric Arnault ao conselho, como forma de prepará-los para a sucessão.

“Muitos sabem que a mulher consegue assumir esse cargo com maestria, mas todo mundo aposta a ficha no homem, e porquê? Simplesmente porque esse é o padrão do mercado. Parece que estamos sempre lutando pelas mesmas causas, falando sobre os mesmos assuntos. E, apesar de eu sentir que tivemos progresso, e que agora temos mais voz, ainda falta muito”, explica Nardini.

E cadê os novos nomes do mercado?

Outro “problema” dentro do universo da moda é a falta de novos rostos. Com isso, não estamos falando apenas das mulheres, mas dos homens também. Pouco se inova.

Os nomes que assumem as grandes casas, quase sempre, já vem de outras marcas de luxo bastante conhecidas, com trabalhos extensos.  Jack McCollough e Lazaro Hernandez, novos diretores criativos da Loewe, talvez sejam alguns dos poucos que não estavam já inseridos na alta costura. Mesmo assim, eles são estilistas muito conhecidos no mercado, em especial o norte-americano.

É difícil mudar essa realidade?

É difícil que uma realidade mude do dia para a noite, desde o assunto de poucas mulheres como diretoras criativas, até mesmo a questão de novos nomes no mercado.

Aqui, Bia Nardini faz uma análise: “Invariavelmente, as marcas de luxo vão precisar se renovar, principalmente na era da internet. Como conquistar o público da Geração Z? De qual maneira fidelizar esses jovens? Existe uma questão financeira importante. Isso pode abrir novas portas, mas não acho que isso virá de uma consciência do mercado, e sim de uma necessidade baseada em outros fatores”, finaliza.

Gostou desse conteúdo?

Compartilhe com que também vai gostar!

NEWS!
Ícone de favoritos

Adicionado aos favoritos

Esse item esta na sua lista de favoritos, aproveite! Continue navegando e adicione tudo que você curte na sua lista.

Resumo das Políticas

Este site usa cookies para que possamos oferecer a melhor experiência de usuário possível. As informações dos cookies são armazenadas em seu navegador e executam funções como reconhecê-lo quando você retorna ao nosso site e ajudar nossa equipe a entender quais seções do site você considera mais interessantes e úteis.