Amanda Seyfried se emocionou após ser aplaudida ao longo de 15 minutos no Festival de Veneza, em setembro de 2025, pelo filme “O Testamento de Ann Lee”. O filme, inclusive, pode levar a atriz ao Oscar. Esse não é qualquer filme. Segundo a própria Amanda, ela precisou fazer alguns sacrifícios para interpretar Ann Lee, como parar com as aplicações de botox.
Brincadeiras à parte, é claro que o cinema não odeia botox ou procedimentos. Essa é a mesma indústria que reforça o padrão estético de que as mulheres precisam sempre ser jovens.

Ao mesmo tempo, procedimentos em excesso podem afetar as expressões faciais. Mesmo que esse excesso não seja o caso de Amanda Seyfried, a atriz ficou um ano sem botox para ganhar, novamente, expressões em alguns locais específicos, como a testa.
Para a Variety, ela disse: “Eu não pude fazer botox por um ano. Isso foi um grande desafio… Quando eu fiz [aplicações de botox] pela primeira vez, pensei: ‘Isso é incrível,’ porque eu franzia muito a testa. Mas depois tudo voltou de uma forma que era absolutamente necessária para todo o trabalho que eu estava fazendo”.
Necessário por qual motivo?
A decisão de ficar sem botox veio, em especial, da diretora do longa, a cineasta norueguesa Mona Fastvold. Para o filme, o uso de maquiagem não era aceito. Tudo para garantir uma representação mais autêntica e expressiva da personagem Ann Lee. Com isso, as duas chegaram a um acordo de que o botox também seria proibido.
O quanto isso fez, de fato, diferença no resultado final, não sabemos, mas não tem como negar que essa foi uma decisão que fez barulho.
O choro de Anne Hathaway
Essa não é a primeira vez que o assunto botox e cinema se esbarram. A internet praticamente virou de cabeça para baixo com a comparação de expressão de Anne Hathaway em cenas onde ela aparece chorando.
Na cena 1, ela está com 28 anos, sem procedimentos. Já na segunda, aos 41, ela aparece com a pele mais lisa. Essa comparação chega a ser injusta, já que, em ambas as cenas, Anne está linda e expressiva, mesmo que de formas diferentes. Mas isso levantou o questionamento: as atuações estão perdendo a naturalidade junto com a alta dos procedimentos?
E é assim que chegamos à iPhone Face, ou Cara de iPhone: algo que tem impactado as produções dos filmes de época.
O que é a ‘cara de iPhone’?
Esse assunto ficou em alta após algumas análises de filmes de época e os atores escalados para essas produções, como Timothée Chalamet em “O Rei”, ou Millie Bobbie Brown em Enola Holmes, por exemplo.
De acordo com o público, fica difícil comprar a ideia de que esses personagens pertencem mesmo àquela época, visto que os atores possuem um rosto muito “moderno” graças aos procedimentos estéticos.
De acordo com Michael Sheehan, ecologista comportamental e professor associado da Universidade Cornell, que falou sobre o assunto para a Dazed: “A mudança do nosso rosto é, certamente, resultado de mudanças de estilo, higiene, procedimentos estéticos ou dieta, e não de evolução facial.”
Nós também precisamos levar em conta a mudança do padrão de beleza, cada dia mais inalcançável.
O momento dos procedimentos indetectáveis
O padrão de beleza, a busca pela juventude e a necessidade de atuações repletas de intensidade e expressão são temas que, aparentemente, não se batem. Eles se unem, no entanto, nessa nova era: a dos procedimentos indetectáveis.
Não precisa de muito para notar que essa tem sido a escolha de artistas, de atores e cantores, quando eles querem realizar procedimentos estéticos.
O objetivo é fazer procedimentos pontuais, ou que buscam manter o máximo de naturalidade, para que a expressão não se perca. Em pleno 2025, você já deve ter lido que a tendência são resultados sutis, que mais ressaltam a beleza do que a transformam.
Isso tudo é impulsionado por avanços tecnológicos, além de técnicas muito menos invasivas.
E o que tiramos de tudo isso?
Tudo o que falamos não é, nem de longe, argumentos contra os procedimentos estéticos. Como já afirmamos aqui, eles fazem parte da escolha pessoal de cada um.
Hoje em dia, os atores são muito mais do que somente atores: eles estão em campanhas publicitárias e na internet, trabalhando também como influenciadores digitais. Então, questionamos: ao cinema, cabe apenas se adaptar?