Quando você era criança, lá nos anos 80 e 90, como imaginava estar após os 30 anos? Se você é millennial, pode estar passando por alguns questionamentos.
As bandas que ouvíamos já são consideradas antigas, os nossos gostos e estilos ganharam o status de retrô e ainda existe aquele susto quando lembramos que os nascidos nos anos 2000 já tem 25 anos e estão no mercado de trabalho conosco.
Caso você esteja achando o seu processo de envelhecimento muito diferente do que esperava, saiba que essa está longe de ser uma queixa só sua. Principalmente para as mulheres, envelhecer tem sido um desafio em pleno 2025.
E é claro que diversos fatores influenciam nisso, sendo o primeiro deles estético. Hoje, falamos muito mais sobre bem-estar e cuidados com a pele do que há algumas décadas atrás (o que é muito bom), mas a pressão estética segue assombrando as mulheres de maneira intensa.

Nós ainda não podemos envelhecer em paz
O tempo passa e não há pausa no processo de envelhecimento. Mesmo assim, em pleno 2025, ainda não temos a “permissão de envelhecer”. O problema não está, exatamente, em desejar fazer algum procedimento estético. Mas sim no fato de que a pressão estética ainda é tanta, que deixamos de falar em autoaceitação.
Por isso, existe sempre um novo procedimento, cada vez mais indetectável, ou um produto que promete resultados “milagrosos”. Conseguimos ver isso muito bem no filme “A Substância”, estrelado por Demi Moore e Margaret Qualley.
Nele, entendemos que o etarismo está longe de acabar e envelhecer significa caminhar rumo a uma sociedade que, muitas vezes, é injusta com as mulheres, em especial no mercado de trabalho.
As conquistas estão mais difíceis
Diversos millennials já relataram que não se sentem tão “adultos” porque, mesmo após os 30, não conquistaram metade do que os pais conseguiram com a mesma idade. Mas a verdade é que vivemos de promessas não cumpridas, e a crise da “meia idade” chega para alguns millennials em forma de frustração.
De acordo com o relatório “The Emerging Millennial Wealth Gap”, os millennials ganham 20% menos que os boomers na mesma idade. Ao mesmo tempo, o custo de vida está mais elevado.
Por isso, sonhos que costumamos ter na vida adulta, como comprar uma casa, formar uma família, comprar um carro ou até mesmo fazer uma grande viagem, precisam ser adiados. Até mesmo a crise de meia idade dos millennials é diferente. Segundo um estudo da Deloitte, 50% dos millennials estão esgotados e sem tempo. Nunca se falou tanto sobre burnout e exaustão como agora.
Além disso, 62% dos millennials afirmaram viver apenas com o salário do mês e se preocupam em não conseguir pagar todas as despesas. Para as mulheres, isso é ainda mais intenso. Já que chegar em cargos de alto poder é mais difícil e os salários ainda são desiguais.
De acordo com o Ministério do Trabalho, as mulheres ainda recebem menos do que os homens no mercado de trabalho brasileiro, com uma diferença salarial média de 20,9%. A desigualdade se acentua se falamos de mulheres negras, que recebem cerca de 47,5% a menos em relação a homens brancos.
Contraste de gerações
Ao mesmo tempo, vemos tudo o que os millennials viveram na adolescência voltar como “nostálgico”: um lembrete de que sim, o tempo voa.
“O Diabo Veste Prada 2” está prestes a ser lançado. “Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda” está nos cinemas, junto do retorno de Lindsay Lohan, um ícone do final dos anos 90 e começo dos anos 2000.
Enquanto isso, a Geração Z e as que chegaram depois parecem envelhecer “mais rápido” do que os Millennials. Um dos principais fatores pode estar relacionado com o uso das redes sociais desde muito cedo, que pode moldar o comportamento e influenciar em procedimentos estéticos feitos antes dos 25 anos.
Apesar de tudo, os progressos existem
Há conquistas nesse caminho. Hoje, as mulheres millennials se sentem muito mais confortáveis para exercer a maternidade mais tarde ou, simplesmente, decidir não serem mães. Antes, essa era mais uma pressão imposta. Mesmo que isso ainda exista, falamos mais sobre as nossas vontades no âmbito pessoal e profissional, buscamos ter voz ativa.
As nossas conquistas também deixaram de acontecer só na juventude. Por mais que tenhamos falado sobre etarismo, vimos Fernanda Torres segurando o seu primeiro Globo de Ouro aos 59 anos. Demi Moore, aos 62, foi indicada e aclamada por seu trabalho no cinema.

Mulheres 50+ ainda não são reconhecidas como homens nessa mesma faixa etária, mas estamos lutando para que isso mude.
Você pode sentir ou não algumas das questões citadas acima. Mas não tem como negar: envelhecer na era virtual, com o mundo muito mais acelerado e uma quantidade de informação gigantesca na palma da nossa mão, é um desafio. Os millennials podem estar preparados para envelhecer, mas o jeito como isso acontece é bem diferente.